Água da Fonte - Uma História de Olhos d’Água
Município de Corumbá de Goiás, planalto central do Brasil, início da década de 1940 em um lugar de nome “Vargem” perto de uma mina d’água, a pretexto de cumprir promessa de uma senhora, em terras doadas por dois fazendeiros, no dia 14 de julho de 1942 é inaugurada com festa e celebração uma capela, em louvor a Santo Antônio, construída em mutirão liderado pelo destinatário da promessa, seu Dominguinhos, saudoso mestre e líder comunitário.
Nas festas os romeiro faziam barracas de palha em volta da capela e com o passar do tempo casas começaram a ser construídas e foi se formando o povoado, que se chamou Santo Antônio do Olho d’Água, que em pouco tempo consegue eleger o Fazendeiro Coronel Geminiano, um dos doadores da terra, para vereador em Corumbá.
Eleito presidente da câmara, Geminiano apresenta um projeto para elevar o povoado para distrito e logo em seguida vem a emancipação, Estava criado o Município de Santo Antônio do Olho D’Água que neste período já vivia uma efervescência comercial, cultural e religiosa muito grande. Por volta de 1956 surgem as conversas sobre a construção de Brasília. O Pouso do Grande Avião no quadradinho de Goiás.
Neste momento, o então prefeito Alex Abdala, que já nutria o desejo fundar uma cidade com seu nome, comprou terras onde a rodovia BR 060 iria passar, loteou e deu início ao seu projeto prometendo que a sede do município continuaria em Olhos D’água, mas tão logo assumiu apresentou um projeto para mudar a sede do município para suas terras a beira da rodovia 060, de 5 vereadores 3 votaram a favor e a sede da prefeitura foi transferida da noite para o dia, deixando a comunidade atônita e abandonada.
Assim começou um processo de abandono, casas foram desmontadas e transferidas para a beira da rodovia, o motor de luz , os postes, a fiação da rede de energia foram retirados, cartório, fórum e até o Santo Antônio foi levado as pressas. Anos se passaram até que jovens estudantes e professores da UnB e outros alternativos descobriam o vilarejo ainda habitado por uns poucos que resistiram às mudanças. Percebendo o potencial da cultura popular tradicional do lugar, Laiz Aderne cria a Feira do Troca e Sincley Fazolino cria a Escola Experimental, duas experiências provocam uma verdadeira revolução no modo de vida local, devolvendo a auto estima ao povo do lugar.
O filme percorre esse caminho sem a pretensão de reescrever a história do lugar, mas procurando registrar a memória, a história e a identidade cultural de um povo se negou a seguir o canto da sereia que atraiu multidões para as periferias da nova capital do país.
Direção e Realização : Peninha
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