Dulce Schunck
Arquiteta e Urbanista pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1981). Mestra em Planejamento Urbano pela Universidade de Brasília (1992). Doutora em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (setembro de 2006). Sua tese intitula-se “Arte e natureza: uma experiência de sensibilização ambiental por meio da arte” e trata de práticas pedagógicas que utilizam a arte como instrumento da Educação Ambiental, fundamentada na metodologia heurística e no Método da Complexidade, de Edgar Morin. Professora adjunta da FAU/UnB desde 1989, atuando no Departamento de Projeto, Expressão e Representação. Artista Plástica com pesquisa focada na utilização de pigmentos minerais do Planalto Central como material pictórico. Desde 1992, participa ativamente de exposições de arte locais, nacionais e internacionais, além de ministrar cursos em pintura e arte-educação. Escreve contos e poemas.
Dulce Schunck já realizou de mais de 80 exposições em Brasília, São Paulo, Sidney (Austrália), Alemanha e Estados Unidos.
“Minha interação artística com o bioma Cerrado começou pela descoberta da terra vermelha como pigmento natural para as ‘aquarelas’, que passaram a ter grandes formatos. Logo depois, veio o encantamento pela ampla paleta cromática do chão do Cerrado e, a partir daí, a garimpagem foi se tornando cada vez mais extensa, na busca e efetivo encontro de inusitadas possibilidades minerais.
Na minha obra, os pigmentos minerais não são um fim em si mesmo, mas um meio que favoreceu a construção de uma linguagem poética própria, aberta às metáforas ligadas à terra, às profundezas, aos sonhos e às memórias afetivas. As três décadas de pesquisa e realizações pictóricas resultaram numa forte conexão com a matéria e a alma deste lugar.
Aos poucos, as líquidas aquarelas foram se tornando corpos de terra, nas mesclas minerais. Em busca da essência do Cerrado, acabei me tornando raiz, dessas difíceis de arrancar. Hoje, me sinto parte do lugar, tronco que vai secando devagar, se retorcendo e olhando para o céu, sempre azul.
De tanto vasculhar, fui ainda capturada pelas pequeninas flores que nascem da aridez. Elas são a força da resiliência ao fogo que queima, fazendo brotar de novo. A cada ano, o dramático espetáculo se repete, renovando. As águas se vão e o fogo chega. A umidade evapora e a seca desidrata tudo. Estamos em meio a um quase-deserto. Os nomes das habitantes do grande jardim em extinção são: canela de ema, mamonarana, flor do pequizeiro, cagaita, barriguda, jatobá, pata de vaca, tantas outras mais, além das milhares de espécies de arvorezinhas tortas. Algumas delas vieram parar na coleção Flora do Cerrado.”