Amanda Leite
Olá! Sou Amanda, uma grande apaixonada por fotografias!
Meus trabalhos buscam pensar a produção de visualidades, as práticas estéticas e artísticas que incitem uma e-ducação do olhar. Tenho pesquisado diferentes processos criativos da/na Fotografia. Procuro refletir a relação entre a Fotografia e o sujeito contemporâneo.
Sabemos que as fotografias apresentam infinitas possibilidades de ver e pensar fenômenos cotidianos que nos atravessam e nos constituem. Considero as criações dispositivos abertos à (in)finitas leituras. Assim como as leituras são abertas, o processo de criação também é.
As fotografias são feitas de camadas e desejam provocar no espectador múltiplas sensações, significados, narrativas. Além de fotógrafa, atuo diretamente com a formação de diferentes públicos e faixas etárias. Isso torna meu trabalho híbrido e me permite experimentar aproximar a fotografia de pensamentos filosóficos e de práticas educativas.
Também sou Pós-Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Doutora e Mestre em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Pesquisadora e Professora no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Sociedade e no curso de Pedagogia da Universidade Federal do Tocantins (UFT). Coordenadora do Coletivo 50 graus – Grupo de Pesquisa e Prática Fotográfica. Colaboradora da Revista Fhox de fotografia. Editora na Revista Observatório (UFT/Seção Visualidades).
Já percorri inúmeras cidades brasileiras com exposições (individuais e coletivas) realizadas no campo das Artes Visuais. Desejo que meu trabalho desassossegue o olhar do espectador num tipo de fotografia latente, que faça a vida pulsar.
INDIVIDUAIS:
2010 – PARAdoxos. Fotografia. (Centro de Ciências da Educação – CDE / UFSC)
2016 – Exposição Narrativas [entre] abertas. Fotografia. (Galeria Virtual – Eixo Arte / RJ)
2017 – Exposição Narrativas [entre] abertas. Fotografia. (Galeria Sesc Palmas/TO)
2018 – Exposição Vida-imagem: há lugar para ficção? Fotografia. (Galeria Corredor Cultural / UFT)
2019 – Exposição Existências Mínimas. Fotografia. (Galeria SESC Palmas/TO)
2019 – Exposição Mínimos. Fotografia. (Galeria Casa do Lago – Unicamp)
2019 – Lago. Fotografia. (Passagens da Faculdade de Educação – Unicamp. Congresso Conexões Deleuze)
COLETIVAS:
2011 – Você viu o currículo (oculto)? Fotografia. (FAED UDESC)
2012 – Mostra Fotográfica: O que é isto o que é? Fotografia. (FAED UDESC)
2012 – Desterritorializando olhares… Fotografia. (FAED UDESC)
2015 – Cidade Inventada. Fotografia. (UFT)
2016 – Contos Cotidianos. Fotografia. (UFT)
2016 – Retrato Contemporâneo. Fotografia. (UFT)
2016 – Exposição Coletiva Eixo Arte Contemporânea. Fotografia. (Eixo Arte / RJ)
2017 – Na rotatória tem encruzilhada. Performance. (Palmas/TO)
2017 – Exposição: o que pode a palavra? (UFT)
2017 – Cidade. Fotografia. (Coletivo 50 graus – UFT)
2017 – Abraços de Palmas. Fotografia. (Coletivo 50 graus – Auditório do CUICA – UFT)
2017 – Contraste. Fotografia. (Coletivo 50 graus – Caleidoscópio/Jornalismo – UFT)
2017 – Exposição Fotográfica: Coisas da Vida. Fotografia. (Eixo Arte / RJ)
2018 – Circuito interno Fábrica Bhering Fotografia. (Fábrica Bhering/RJ – Circuito interno – Projeto Minhas memórias).
2018 – Exposição Coletiva Fotografia pela Democracia 2.0. Fotografia Projeto #fotografiapelademocracia
2018 – 3º edição do Amparo em Foco Fotografia. (Festival de Fotografia de Amparo/SP. Varal Fotográfico)
2018 – Paralela Eixo #20 Mostra Virtual. Fotografia. (Galeria Reserva Cultural Niterói/RJ – Eixo Arte)
2019 – 3º edição do Amparo em Foco Fotografia. (Festival de Fotografia de Amparo/SP. Varal Fotográfico)
2019 – Circuito de Arte Contemporânea de Curitiba Fotografia. (Galeria MUMA – Curitiba/PR)
2019 – Outro Olhar. Fotografia. (Coletivo 50 graus – Caleidoscópio/Jornalismo – UFT)
2019 – SobreViventes. Fotografia. Coletiva Nacional – 2º Festival de Fotografia de Juiz de Fora/MG. Centro Cultural Bernardo Mascarenhas (CCBM)
2020 – 1º Salão de Artes para adiar o fim do Mundo. Casa Visual Galeria. Palmas/TO.
Nasci em Mato Grosso e desde pequena aprendi a olhar o cerrado como casa, lugar de afeto, de alumbramento. O Cerrado é um dos principais biomas da América Latina, mas, por vezes, tem sido invisibilizado e quase esquecido por instâncias governamentais e pela sociedade civil.
A poética do cerrado reverbera em minhas obras sua própria potência nas formas retorcidas, nas cores vibrantes, nos sons, nas paisagens que desejam instaurar outros modos de pensar. Parto do Cerrado para falar, quem sabe, de nós mesmos e a nossa relação com este bioma. Um exercício de olhar que marca modos de viver e habitar a Terra, nossa casa, nosso chão.
Conheça algumas exposições de Amanda Leite:
AMBIVALÊNCIA
Andar pelo cerrado, sentir o cheiro do verde, olhar para o alto e enxergar o vento na copa das árvores, em silêncio olhar para dentro, ouvir o estalar das folhas, caminhar um pouco mais, pisar o chão, observar o restos das árvores tornarem-se adubo ao que está por vir. Encontro um tronco de árvore queimado, isolado na paisagem, é o cerrado dando lugar a plantios de monocultura e novas pastagens. Interrompo o fluxo, fotografo um resto frágil que pulsa, que pede a atenção. A série Ambivalência dá visibilidade ao Cerrado Tocantinense a partir de fotografias impressas em tecido. Usar o tecido como suporte está muito além de uma experiência estética. O linho é um tecido fino, elegante, de valor, mas sem a proteção da costura pode desfiar, sujar, amassar, criar vincos, ao mesmo tempo em que nos permite expor delicadamente em suas tramas, dois lados, numa transparência opaca e fosca. O suporte em tecido é também lugar de conflito, instável, que pede atenção intensa às fragilidades. A série, numa poética rústica, está na contramão de uma performance ativista e utilitária das imagens. Parto do Cerrado para falar, quem sabe, de nós mesmos, de nossa intimidade, de nossas limitações, de nosso próprio cotidiano. Aqui importa a travessia (a nossa travessia) para/com as imagens e seus sentidos. De um lado, estamos diante de um ecossistema brasileiro que sofre inúmeras ameaças, em especial na região Norte do Brasil. O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, mesmo assim, todos os anos têm que lidar com as queimadas e o descaso nas instâncias macro e micropolíticas brasileiras. As fotografias dão a ver e colocam “na mira” a potência e a força deste bioma além de evidenciar a poética contida nas tramas da mata de galeria. O bioma persiste, insiste, resiste. De outro lado, é a fragilidade humana, seu distanciamento da natureza, sua negligência e quase uma ausência de atenção à vida que também é exposta. Diante dessas fragilidades, não há um sentido de realidade, de totalidade, de verdade, há ambivalências, desejos, fantasias, sonhos que marcam modos de viver e habitar a Terra, nossa casa, nosso chão. A poética do que nos é familiar – o cerrado – é um convite para sentir a intensidade de cada imagem num modo de ver atravessado pelo afeto, pela memória, pelo sensível. Um exercício de olhar que vagueia os olhos pela fotografia sem pressa, como um gesto de interrupção. O fio condutor da fragilidade, suspende a passagem do tempo para justamente criar narrativas, estimular pensamentos ou como nos sugere o escritor Rubem Fonseca, inventar condições para “vastas emoções e pensamentos imperfeitos”.
CERRADO NEGATIVO
A série produz um experimento que inverte cores, cria sobreposições e manipula a entrada de luz na fotografia para dar a ver ou revelar (como em um processo analógico) a potência e a força deste bioma. Se antes necessitávamos testar a inversão da imagem em um papel fotográfico sensível e espelhar a imagem para produzir seus múltiplos, aqui o desejo é sensibilizar nosso próprio modo de olhar as imagens contemporâneas. Ressignificar o positivo na imagem digital. Assim, importa olhar para as fotografias de um jeito diferente. Neste exercício, o espaço negativo enfatiza o assunto principal de uma foto, direciona o olhar, toma a poética da mata de galeria para mostrar outras nuances, outras paisagens. Nossa mente foi estimulada durante muito tempo a produzir modos de como olhar projetando sobre o que se olha formas, cores, tamanhos, texturas. A série abre outros convites. O negativo cria intervalos, permite respirar, revela fissuras, dá pausas. No encontro digital entre o negativo e o positivo interessa experimentar as cenas em suas singularidades, além de um resultado estético, uma busca por outras sensações.
LAGO
Lago é uma depressão natural na superfície da Terra que contém uma quantidade variável de água. Água da chuva, água de nascente, água dos rios que vazam nestas depressões. A quantidade de água de um lago depende do clima de cada região. No Tocantins, um dos estados de temperaturas mais elevadas do Brasil, os lagos são alternativas para refrescar o calor intenso. A série fotográfica Lago é uma provocação ao mês de agosto, um dos meses mais quentes neste estado. O espelho propõe olhar as fotografias mais de uma vez, examiná-las, estabelecer jogos entre as coisas, suspender o tempo e quiçá compartilhar a poesia. O reflexo não representa, arrisca. Quer lançar a paisagem de tons pastéis às margens de um lago. A personagem nos conduz para uma árvore. Observa os arredores. Vê o horizonte. Deseja a vastidão e o infinito. Oásis cristalino, profundo. É possível tomar o barulho dos ventos como inspiração? O ardor das queimadas como resistência? Miragens. Efeito óptico para além de um desvio de luz nos objetos. Sabor de água doce. Frescor. Dia ensolarado. No tempo de cada fotografia as coisas se transformam. Ar. Memória. Cheiro. Poeira colorida colorante da estação. Cada fotografia inaugura o lugar do olhar. Abertura. Leitura. Distorção. Deslocamento. Para Adolfo Navas (2017, p. 83-84) “há […] certos devires em curso que envolvem a fotografia em outros dispositivos e horizontes. E deve-se dizer que podem constituir linhas de fuga no campo de forças no campo nomeado como cultura fotográfica, no qual a fotografia precisa sair de certa redoma instrumentalizante e apostar na imagem fotográfica mais transversal, como território em contínua reconquista de liberdade, no fundo, sempre, no conjunto da imagem por vir como o desconhecido”. Lago de palha que flutua. Azul. Ilhas de tempo. Possíveis constelações de pensamentos, intensidades e sentidos