Bioarqueologia

 

A Antropologia Biológica é uma disciplina focada no estudo da origem, evolução e diversidade da variabilidade biocultural humana, em dimensões temporais (histórica) e espaciais (geográfica). Inclui a análise de populações atuais e antigas, sempre considerando o contexto cultural e social. Em se tratando de grupos pretéritos, estudam-se os remanescentes biológicos como ossos, dentes e tecidos mumificados e sua relação com fatores arqueológicos e ambientais. Esse enfoque, também chamado de Bioarqueologia, permite conhecer o modo e as condições de vida das populações do passado com destaque para a reconstrução da dieta, saúde, demografia, atividades ocupacionais, distâncias biológicas, padrões de subsistência e estruturação social.

Australopitecus até Homo sapiens: 6 milhões de anos de história evolutiva.

Linhas de Pesquisas

A Bioarqueologia é, por natureza, interdisciplinar. Assim, para respondermos nossas questões, uma parte das análises são realizadas por pesquisadores e colaboradores de outras instituições no Brasil e no exterior. As abordagens que utilizamos e desenvolvemos no LAB subdividem-se nas seguintes grandes áreas:

A PALEOPATOLOGIA ÓSSEA visa compreender, a partir da inspecção de alterações de forma, tamanho e constituição dos ossos, processos infecciosos, de desenvolvimento e crescimento, estados de estresse nutricional, e aspectos ligados à atividades cotidianas, violência interpessoal e traumatismos acidentais. Estes marcadores são analisados em conjunto e sempre em contextualização arqueológica, possibilitando reconstruir o modo e a qualidade de vida de sociedades passadas. Diferenças entre grupos etários, sexo e outros subgrupos permitem ainda vislumbrar detalhes sobre a distribuição diferencial das condições de saúde e por tanto das variações na estrutura e complexificação social de dado grupo humano ou de um conjunto de sociedades.

1 Traumatismo em antebraço. 2 Porosidade no teto das órbitas possivelmente por anemia. 3 Osso com evidência de Sífilis nas Américas muito antes de Colombo. 4 Tamanho do osso indica a idade de óbito.

 

A PALEODIETA permite reconstruir o meio de subsistência, o que as populações passadas comiam e como armazenavam e preparavam seus alimentos. Para tanto avaliamos cáries, perdas dentárias em vida, doença periodontal, abcessos, desgaste dentário, entre outros. Estes marcadores fornecem um panorama mais geral sobre a dieta de populações pretéritas. Já as análises de microfósseis retidos em cálculo dentário permitem determinar, indivíduo por indivíduo, quais as espécies consumidas, empregadas na fabricação de artefatos com o auxílio dos dentes, ou eventualmente utilizadas como medicamentos.

1 Dente com tártaro ou cálculo dentário. 2 Extração de cálculo (tártaro). 3 Cálculo dentário tratado para liberar micro resíduos. 4 Análise de forma, tamanho e frequência de micro-resíduos. 5 Grão de amido identificado. 6 Tubérculo identificado.