Sítio Arqueológico Santa Elina
Localização: Fazenda Santa Elina, 82 km de Cuiabá – Jangada-MT
Resolução de Tombamento: Portaria n° 055/2011, de 14/10/2011
Descrição: É vasto o potencial do patrimônio arqueológico em Mato Grosso, onde uma Missão Franco Brasileira, que realizou pesquisas durante 20 anos na região, constatou o registro da ocupação humana que data de 25 mil anos, no Sítio Arqueológico Santa Elina, na Serra das Araras, no município de Jangada. Este sítio é considerado o segundo mais antigo do Brasil pela presença de vestígios humanos. Nele foi encontrada a ossada de uma preguiça gigante, extinta há 10 mil anos. No sítio descobriu-se mais de 25 mil artefatos e dentre eles, vários comprovam a convivência humana e da fauna.
As escavações tiveram início em 1985 e após 17 anos de trabalho foram catalogados mil representações rupestres em forma de figuras humanas e animais, indícios de fogueiras e inscrições em pedra. Também foram identificados 800 fragmentos de ossos, entre vértebras, ombros e dentes de uma preguiça de cerca de cinco metros, que viveu na região há mais de 10 mil anos.
Fonte: Governo do Estado.
O Abrigo Rupestre Santa Elina rica em Jangada, MT, Brasil, é formado por uma dobra calcária da Bacia do Paraguai e apresenta sedimentos de sucessivas ocupações humanas nos últimos 6.000 anos. Esses sedimentos possuem vestígios vegetais bem conservados em quantidade, como carvões, madeiras, macro-restos vegetais, fibras e artefatos de fibras vegetais, principalmente nas camadas mais recentes. Artefatos de fibras enroladas semelhantes a ninhos de pássaros, referidos como novelos ou maranhas foram estudados histológicamente por meio de técnicas de anatomia vegetal e identificados com base em uma coleção de referência de material lenhoso da região e materiais de herbários. As fibras foram identificadas como sendo de caules de lianas lenhosas do gênero Aristolochia, provavelmente da espécie A. esperanzae O. Kuntze, família Aristolochiaceae. Diversas espécies de Aristolochia, conhecidas como papo-de-peru ou milhome, são usadas como plantas medicinais em várias partes do mundo para muitas finalidades, sendo que também são apontados os usos como repelentes ou amuletos contra cobras. Os novelos arqueológicos podem ter tido algum desses usos e são indicadores de ocorrência de formações florestais, provavelmente indicando condições ecológicas semelhantes às atuais.
Fonte: CECCANTINI, G.C.T. Os novelos de fibras do abrigo rupestre Santa Elina (Jangada, MT, Brasil): anatomia vegetal e paleoetnobotânica. Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 11: 189-200, 2001.
Santa Elina, na Serra das Araras, no Mato Grosso, oferece uma notável composição de dois conjuntos arqueológicos excepcionais: a) um dispositivo parietal de um milhar de pinturas, adaptando-se estreitamente à morfologia do abrigo que se encontra ao pé de uma falésia calcária; b) um conjunto de ocupações distribuídas em duas sequências estratigráficas, uma indo até o Pleistoceno há 27.000 anos, a outra constituída de uma densa sucessão de ocupações durante o Holoceno, datadas entre 11.000 e 2.000 anos. Os primeiros habitantes do sítio conviveram com e caçaram uma espécie de megafauna, tornada fóssil no início do Holoceno: o Glossotherium lettsomi. Três adornos feitos nos ossículos do animal são provas de sua importância para os caçadores. A utilização intensiva pelos habitantes de pigmentos minerais, principalmente vermelhos (hematitas) e a de vegetais (madeira, fibras e folhas), caracteriza as ocupações que se seguem: particularmente, ‘pavimentações’ feitas de blocos manchados de vermelho, ou ornamentos corporais trançados. Os conjuntos líticos, principalmente feitos de calcário local, duro e fácil de lascar, são bem presentes em todas as ocupações. Os utensílios com reentrância dominam durante o Pleistoceno. É um dos mais antigos sítios da América do Sul, mostrando a intensidade de povoamentos pré-históricos no centro do continente.
Fonte: VILHENA VIALOU, Agueda; VIALOU, Denis. Manifestações simbólicas em Santa Elina, Mato Grosso, Brasil: representações rupestres, objetos e adornos desde o Pleistoceno ao Holoceno recente. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, Belém, v. 14, n. 2, p. 343-365, maio-ago. 2019. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1981.81222019000200006