Desmatamento

No Cerrado, 73% da área desmatada em 2020 foi sobre formação savânica e 77% do desmatamento no bioma se concentrou na região do Matopiba.

Do total de 337 Unidades de Conservação (UCs) com desmatamento, 24 tiveram mais de 1.000 hectares desmatados, sendo 13 delas APAs (Área de Proteção Ambiental). Elas estão localizadas em nove estados: PA, RO, BA, TO, AC, MT, MA, PI e GO. Já com mais de 100 ha desmatados em 2020, foram 102 Unidades de Conservação.  

O Brasil perdeu 24 árvores por segundo em 2020, de acordo com @mapbiomasbrasil. Relatório aponta ainda que o desmatamento subiu 14% no ano passado; 99,8% dos desmates têm indício de ilegalidade e só 2% tiveram alguma providência do Ibama.

Em 2020, foram desmatados 1.385.343 hectares no Brasil, 14% a mais do que no ano anterior. O Pará lidera o ranking de Estados que desmataram: 365.760 ha. E 31 de julho foi o dia com maior área desmatada em 2020 no país: 4.968 ha. Mais de 2 milhões de árvores foram cortadas nesse dia.  

 

                                                                                                           Fonte: MAPBIOMAS

“Os índices de desmatamento no Cerrado alcançam grandes áreas do bioma e atingem majoritariamente unidades de conservação, terras indígenas, quilombolas e assentamentos. É o que aponta a primeira edição do Relatório Anual do Desmatamento no Brasil, lançado no dia 26 de maio pela iniciativa MapBiomas, juntando, pela primeira vez em um único documento, todos os alertas de desmatamento do país.

Segundo o relatório, Amazônia e Cerrado concentraram juntos 96,7% de toda área desmatada em 2019. Sozinho, o Cerrado apresentou 13% do total de alertas de desmatamento no último ano e quase um terço da área total desmatada (33,5%). Ao todo, o bioma, que abriga as savanas mais biodiversas do mundo, perdeu 408,6 mil hectares: uma área equivalente a 3,4 municípios do tamanho do Rio de Janeiro”.

Fonte: FERNANDES, S. Destruição do Cerrado em 2019 foi mais rápida que na Amazônia e avançou sobre áreas protegidas, 2020. Disponível em: <https://deolhonosruralistas.com.br/2020/06/11/destruicao-do-cerrado-em-2019-foi-mais-rapida-que-na-amazonia-e-avancou-sobre-areas-protegidas/>. Acessado em: 10 de julho de 2020.

“Os dados demonstram que em 2019 foram desmatados 6.483km² do Cerrado, uma redução de 2% frente ao desmatamento do ano anterior, que foi de 6.634km².

A meta para o ano 2020, de acordo com a PNMC, é de um desmatamento de até 9.421km², uma redução de 40% frente à média de desmatamento entre os anos 1999 e 2008, que foi de 15.700km². Os dados de 2019 mostram que a redução conseguida frente à média de 1999 e 2008 foi de 58,7%”.

Fonte: EDUCLIMA Ministério do Meio Ambiente.

Fonte: BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. GRÁFICOS: desmatamento da Amazônia e do Cerrado em 2019 e mais 27 novos gráficos da sociedade civil!. Educlima, 07 de janeiro de 2020. Disponível em: <http://educaclima.mma.gov.br/graficos-desmatamento-da-amazonia-e-do-cerrado-em-2019-e-mais-27-novos-graficos-da-sociedade-civil/>. Acessado em: 10 de julho de 2020.

“Uma análise sobre o desmatamento no Cerrado a partir de dados coletados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelou que, entre agosto de 2018 e julho de 2019, uma área de 933 km² foi destruída apenas no Mato Grosso. Deste total, a devastação ocorreu por meio de ações ilegais em 88% dos casos.

O número significa uma redução de 6% em relação à área desmatada no ano anterior, mas segundo o documento divulgado pelo Instituto Centro de Vida, o ritmo de destruição no bioma ainda é “alarmante” pelo elevado grau de ilegalidade nas ações.

O estudo também revela que grande parte do desmatamento ilegal identificado é proveniente de imóveis rurais registrados no Cadastro Ambiental Rural (CAR). Esse registro eletrônico é obrigatório e tem como objetivo integrar as informações ambientais sobre áreas de preservação de florestas e vegetação nativa.

Do desmatamento ilegal identificado nessas propriedades registradas no sistema nacional, 64% se concentra em grandes imóveis, com mais de 1.500 hectares. Segundo Vinícius Silgueiro, coordenador do Núcleo de Inteligência Territorial do ICV, os números demonstram que a destruição é feita por quem já possui poder econômico e por isso seriam facilmente identificáveis pelos órgãos ambientais para a responsabilização pelos crimes”.

Fonte: Vidon, Filipe. Grandes propriedades rurais são responsáveis por mais de 60% da devastação do Cerrado. Época, 06 de fev. de 2020. Disponível em: <https://epoca.globo.com/sociedade/grandes-propriedades-rurais-sao-responsaveis-por-mais-de-60-da-devastacao-do-cerrado-24231396>. Acessado em: 17 de maio de 2020.

“Se o índice de desmatamento do cerrado brasileiro se mantiver como é hoje – cerca de 2,5 maior do que na Amazônia -, o mundo pode registrar a maior perda de espécies vegetais da história.

 

A tese é de um artigo de pesquisadores do Instituto Internacional para a Sustentabilidade (IIS) e de outras instituições nacionais e internacionais.

O cerrado perdeu 46% de sua vegetação nativa, e só cerca de 20% permanece completamente intocado, segundo os pesquisadores. Até 2050, no entanto, pode perder até 34% do que ainda resta.

Isso levaria à extinção 1.140 espécies endêmicas – um número oito vezes maior que o número oficial de plantas extintas em todo o mundo desde o ano de 1500, quando começaram os registros.

“Há 139 espécies de plantas registradas como extintas no mundo todo. Mas claro, sabemos que espécies foram extintas antes mesmo de a gente conhecê-las”, disse à BBC Brasil Bernardo Strassburg, professor da PUC-Rio e coordenador do estudo e secretário-executivo do IIS.

“Mesmo assim, a perda no cerrado seria uma crise sem proporções.”

O desmatamento na região, de acordo com os pesquisadores, cresceu em níveis alarmantes “por causa da combinação de agronegócio, obras de infraestrutura, pouca proteção legal e iniciativas de conservação limitadas”.

Mesmo assim, Strassburg e sua equipe afirmam que o cenário apocalíptico projetado para 2050 pode ser evitado.

 

‘Hotspot de biodiversidade’

 

O cerrado brasileiro, segundo o artigo, tem mais de 4,6 mil espécies de plantas e animais que não são encontrados em nenhum outro lugar.

“Essa projeção assustadora que encontramos é uma combinação de dois fatores: o cerrado é um hotspot global de biodiversidade principalmente por causa das plantas, e ele já perdeu metade da sua área”, afirma Strassburg.

“A área de desmatamento do cerrado não é maior que a da Amazônia, mas a taxa de desmatamento é.”

Para conseguir estimar o número de espécies perdidas pelo desmatamento nos próximos 30 anos com o mesmo ritmo atual, os pesquisadores combinaram os dados mais recentes da Lista Vermelha de Espécies em Extinção (referentes a 2014) com projeções das mudanças no uso do bioma.

Das 1.140 que podem ser perdidas, 657 já são consideradas condenadas à extinção.

“Isso quer dizer que não tem mais cerrado suficiente para tanta espécie. Se o desmatamento parasse hoje e não fizéssemos mais nada para recuperar a região, elas seriam extintas de qualquer jeito”, explica”.

Fonte: COSTA, Camilla. Em 30 anos, Cerrado brasileiro pode ter maior extinção de plantas da história, diz estudo. BBC Brasil, 2017. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-39358966>. Acesso em: 08 de maio de 2020.

“O Cerrado apresentou 13% do total de alertas de desmatamento em 2019 e quase um terço da área total desmatada (33,5%). Ao todo, o bioma, que abriga as savanas mais biodiversas do mundo, perdeu 408,6 mil hectares: uma área equivalente a 3,4 municípios do tamanho do Rio de Janeiro. Na comparação com anos anteriores, os dados oficiais não apontam aumento no desmatamento do Cerrado devido a recessão econômica, já que o desmatamento nesta região está muito ligado a atividade agrícola, uma vez que a conversão de áreas nativas em áreas de agropecuária tem um custo.

A média de área desmatada em cada alerta no Cerrado foi de 55 hectares, a segunda maior do país, atrás apenas do Pantanal, com uma média de 77 hectares desmatados a cada alerta. 

Um dos dados mais preocupantes sobre o desmatamento no Cerrado é a velocidade com que a derrubada de vegetação nativa ocorreu na região em 2019. Esse processo foi mais rápido no Cerrado do que em qualquer outro bioma do país: uma média de 1.119,6 hectares desmatados por dia e vinte alertas diários. Os três estados com maior velocidade média de desmatamento em 2019 foram Tocantins, Piauí (1,19 hectares/alerta/dia) e Bahia (1,06 hectares/alerta/dia), todos compreendidos na região do Matopiba, considerada a última fronteira agropecuária no Cerrado.

O município baiano de Jaborandi registrou a maior velocidade média de desmatamento para um único alerta. Entre 8 e 27 de maio de 2019, foram desmatados, em média, 60 hectares por dia. Esse alerta diz respeito a uma fazenda registrada no Cadastro Estadual Florestal de Imóveis Rurais (Cefir-Bahia), mas não no sistema federal do Cadastro Ambiental Rural (CAR).

Essa falha de informação pode indicar que a área teve autorização para desmatamento, mas o documento não foi localizado. Ao todo, 9.489 alertas de desmatamento no Cerrado ocorreram em imóveis rurais constantes no CAR.

Outro município do oeste baiano aparece em sexto lugar no ranking geral dos municípios com mais alertas de desmatamento. Em 2019, Formosa do Rio Preto registrou 77 alertas, compreendendo uma área de 21.801 hectares.

Outra tendência preocupante é o desmatamento dentro de áreas protegidas. Das 1.453 unidades de conservação (UCs) do país, 226 registraram ao menos um alerta de desmatamento em 2019. Ao todo, a derrubada de vegetação nativa em áreas protegidas representou 11% do total nacional e 12% de toda área desmatada no país no último ano. Uma dessas UCs é a maior ilha fluvial do mundo, a do Bananal. 

As unidades de conservação do Cerrado com maior área desmatada foram a Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Preto, na Bahia, com 13.449 hectares, e a APA Ilha do Bananal/Cantão, no Tocantins, na zona de transição entre Cerrado e Amazônia, com 9.756 hectares, onde, no ano passado, foram localizados indícios da presença de indígenas isolados. 

O desmatamento acelerado atingiu também áreas historicamente ocupadas por comunidades tradicionais. Entre os quilombolas, o maior desmatamento registrado no país foi na comunidade de Barra do Aroeira, em Lagoa do Tocantins (TO), onde 602 hectares de vegetação nativa foram derrubados em 2019″.

Fonte:  Relatório Anual de Desmatamento 2019 – São Paulo, SP – MapBiomas, 2020 – 49 páginas. Dsiponível em: <http://alerta.mapbiomas.org>. Acessado em: 14 de jun. de 2020.

Em 2020, foram identificados, validados e refinados 74.218 alertas em todo território nacional, totalizando 13.853 km2 (1.385,3 mil ha) de desmatamento, um crescimento de 30% no número de alertas e de 14% na área desmatada em relação ao ano de 2019. Do total de alertas, 79% estão no bioma Amazônia, com uma área de 843 mil ha (60,9% da área total). O bioma Cerrado aparece em seguida com 10% dos alertas (31% da área) ; só em 2020, o Cerrado perdeu 432.183 hectares de vegetação nativa.
Dois dos três estados com mais alerta de desmatamento do país são estados de transição entre Cerrado e Amazônia: Mato Grosso e Maranhão, ambos atrás do estado do Pará, que lidera em desmatamentos em todo o Brasil. Na segunda posição, o Mato Grosso representa 12,86% dos desmatamentos; na terceira, o Maranhão, que dobrou a área desmatada quando comparado ao ano anterior e atualmente concentra 12,08% da área desmatada do país. O município de Balsas, localizado na região conhecida como Matopiba (fronteiras entre estados do MA, TO, PI e BA), é a cidade do Cerrado que registrou a área de maior desmatamento (5,9 hectares) e configura em 5º lugar no ranking de municípios que mais desmataram.

O relatório do Mapbiomas Alerta ainda indica que cerca de 75% do desmatamento do Cerrado foram realizados em áreas privadas. O bioma tem a maior variação de área desmatada (152%), com número máximo de área muito próximo ao da Amazônia.

 

Fonte: Relatório Anual do Desmatamento no Brasil 2020 – São Paulo, Brasil – MapBiomas, 2021. Disponível em: http://alerta.mapbiomas.org

 

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