Agrotóxicos

“Houve a intensificação do uso de agroquímicos, fertilizantes e água, sem os devidos cuidados com rochas, solos, água superficiais ou subterrâneas. Os agroquímicos contaminando as águas subterrâneas ou rios podem prejudicar a fauna silvestre e ameaçam a sua qualidade para o consumo humano.

O uso descontrolado de nitratos e fosfatos como fertilizantes produz muita solubilização destes nutrientes na água. Resíduos orgânicos de estercos animais e efluentes de silagem, juntamente com os fertilizantes contribuem para o crescimento de algas nas superfícies das águas num fenômeno conhecido por eutrofização, provocando a diminuição da oxigenação das águas e a morte dos peixes.

A eutrofização é o enriquecimento da água por compostos nitrogenados e fosforados que compõe os fertilizantes usados na agricultura. Este enriquecimento da água possibilita o desenvolvimento de uma população de algas cianofíceas que após o término dos nutrientes morrem, e ao se decompor, consomem o oxigênio. Isto acaba provocando a falta de oxigênio para os peixes, que também morrem.

A eutrofização pode ocorrer por fatores naturais, como excrementos de pássaros e outros animais, mas nestes casos, as quantidades são menores e os equilíbrios dos ecossistemas são atingidos com melhor resiliência (capacidade do ecossistema de se recuperar sozinho, sem o auxílio do homem)”.

 

Fonte: Naime, Roberto. Impactos ambientais gerais do agronegócio, in EcoDebate, 8/09/2010. Disponível em:

<https://www.ecodebate.com.br/2010/09/08/impactos-ambientais-gerais-do-agronegocio-artigo-de-roberto-naime/>.
Acesso
em: 08 de maio de 2020.

 

“Embora a aprovação de agrotóxicos no Brasil tenha ultrapassado em muito a capacidade dos cientistas de estudar os impactos sobre a população, os habitats e a vida selvagem, há evidências perturbadoras de que ela é preocupante.

A exposição a agrotóxicos que contêm neonicotinoides e fipronil causaram a morte de mais de 500 milhões de abelhas em quatro estados entre dezembro de 2018 e fevereiro de 2019, de acordo com uma investigação da Agência Pública e da Repórter Brasil.

Um relatório técnico divulgado em 2018 revelou que antas-brasileiras (Tapirus terrestris) do Cerrado sul-matogrossense vem sofrendo de contaminação por vários tipos de agrotóxicos. O estado é um local de rápida expansão das lavouras do agronegócio, que produzem quantidades imensas de soja, milho e cana-de-açúcar.

A pesquisa, realizada ao longo de um período de dois anos entre 2015 e 2017, numa área de 2.200 km² nos municípios de Nova Alvorada do Sul e Nova Andradina, foi conduzida pela Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira (Incab), do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ).

Os cientistas descobriram que 40% das 242 amostras coletadas de 116 antas vivas e mortas (sobretudo em acidentes rodoviários dentro da área do estudo) estavam contaminadas com resíduos de 13 produtos tóxicos – incluindo nove inseticidas e herbicidas, além de quatro metais pesados usados em fórmulas para correção do solo agrícola e outros fins.

Os resíduos tóxicos foram encontrados nos coxins (parte almofadada da pata dos animais), probóscide (focinho), estômago, fígado, sangue, ossos e unhas. De acordo com os pesquisadores, a detecção desses agentes indica que as antas estão sendo expostas a substâncias tóxicas por meio do contato direto com plantas, solo e água contaminados”.

 

Anta com colar de monitoramento no Mato Grosso do Sul, estado onde, segundo pesquisa, muitos dos animais analisados continham altos níveis de inseticidas e herbicidas, além de quatro metais pesados usados em formulações para correção do solo agrícola e outros fins. Foto: Patrícia Medici/Ipê.

 

Fonte: GONZALES, Jenny. Antas no Cerrado sofrem com aumento da aprovação de agrotóxicos. Mongabay: Notícias Ambientais Para Informar e Transformar, 2020. Disponível em: <https://brasil.mongabay.com/2020/01/antas-no-cerrado-sofrem-com-aumento-da-aprovacao-de-agrotoxicos/>. Acesso em: 08 de maio de 2020.

Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida:

No dia 08 de julho de 2020, foi feita uma live com o objetivo de falar sobre os agrotóxicos no Cerrado. Acompanhe mais abaixo:

 

“Prosseguindo nossa série sobre os biomas brasileiros, a live da Campanha Contra os Agrotóxicos desta semana terá como tema o Cerrado. Considerado berço das águas, o bioma foi alvo central do agronegócio nas últimas décadas, que devastou sua fauna e flora originais e atingiu diretamente os seus povos e comunidades tradicionais.

Para falar sobre este tema, convidamos Isolete Wichinieski, da Coordenação Nacional da Comissão Pastoral da Terra e da Campanha em Defesa do Cerrado, e Adriano Paulino da Silva, da Associação Quilombola kalunga e membro do projeto de georeferenciamento e gestão ambiental do Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga. A mediação será de Murilo Souza”.