CSA Mulheres Rurais do Canaã
Maria Ivanilde Souza

“E o bom também né, que eu aprendi a trabalhar, a plantar sem degradar a terra!”

 

Quem disse essa frase foi a dona Ivanilde, moradora do Assentamento Canaã e responsável por cultivar seus alimentos em Sistemas Agroflorestais desde 2013. Quando ela chegou em sua parcela de terra, no ano de 2011, havia uma monocultura de eucalipto e a única espécie nativa presente era o Maracujá do Cerrado. Ivanilde precisou acampar por quatro anos, embaixo dos eucaliptos, até conseguir o direito de morar por lá e, assim que a ocupação se efetivou, com muita luta e paciência, as parcelas de terra foram divididas e os eucaliptos que estavam no terreno foram retirados por uma empresa.

 

O que restou foi mais uma terra degradada e uma mulher esperançosa, com vontade de transformar aquele lugar.

 

Ivanilde recebeu a informação de que uma agrofloresta poderia trazer mais frutas, água e ainda ajudar na recuperação do meio ambiente. Hoje, ela consegue confirmar tudo isso, pois o seu Sistema Agroflorestal está repleto de: banana, limão, amora, quiabo, jiló, berinjela, maxixe, pepino, cará-moela, feijão, vagem, abóbora, alface, couve, brócolis, peixinho da horta, feijão de porco, feijão andu, ingá, mutamba, pequi e muito mais.

 

Além dessa produção abundante de alimentos, ela ainda relata ter cavado uma cisterna assim que ocupou a terra, porém, essa cisterna costumava secar todos os anos e, com a chegada da agrofloresta, ela nunca mais secou. Aprender a observar a natureza, fazer os consórcios entre as plantas, manejá-las e saber que futuramente aquele espaço estará reflorestado e com mais animais do que antes são razões que movem o trabalho agroecológico de Ivanilde.

 

A fartura é boa, entretanto, demanda comprometimento! As dificuldades que Ivanilde têm encontrado se relacionam com a pouca energia, sendo mais difícil puxar água da cisterna para irrigar as linhas de agrofloresta e, também, com a escassez de mão de obra, já que mora sozinha e recebe ajudas esporadicamente. Mas, dona Ivanilde continua lutando para manter seu cultivo de pé, afinal, ela começou a comercializar suas produções no ano passado, por meio da CSA – Mulheres Rurais do Canaã e diz que ainda tem poucos co-agricultores colaborando. Agradecemos muito pela dedicação em trabalhar recuperando o Cerrado e levando comida de verdade para a mesa de outras pessoas. Vida longa às Mulheres Rurais do Canaã!

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