CSA Aldeia do Altiplano
Fabiana Mongeli
Fabiana Mongeli Peneireiro é graduada em Engenharia Agronômica pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – Universidade de São Paulo (1994), possui mestrado em Ciências Florestais pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – Universidade de São Paulo (1999) e doutorado em Educação pela na Faculdade de Educação da UnB, na área de Educação e Ecologia Humana (2013).
Tem experiência profissional relacionada à agroecologia e agrofloresta, na implantação e manejo de sistemas de produção com vistas à sustentabilidade, ao desenvolvimento rural e à extensão rural. Atua na área de educação ambiental, já tendo ministrado cursos de formação junto a diferentes públicos (agricultores, técnicos extensionistas, estudantes universitários, de ensino técnico e fundamental) – (Fonte: Escavador). Fabiana é agricultora agroflorestal e membro da Ecovila Aldeia do Altiplano, no Distrito Federal, aplicando os conceitos de agrofloresta aprendidos com Ernst Gotsch desde 1994.
Implementação de agroflorestas resultando em recuperação de áreas degradadas e produção de alimentos.
Hoje os macacos-prego, gato mourisco, jiboia, saracuras, tucanos, pica-paus, sabiás, raposinhas, borboletas azuis, libélulas, e tantos outros moradores do nosso agonizante Cerrado vêm nos visitar com frequência! Uma alegria ver nosso ambiente repovoado, a vegetação exuberante, verde brilhante, o solo marrom-escuro, coberto com uma manta generosa de folhas e galhos, e fungos, dos mais variados, decompõem essa matéria, fazendo do solo uma esponja, que absorve a água da chuva e alimenta o lençol freático, a caixa d´água do Brasil. Em pleno Planalto Central, no Distrito Federal, há 10 anos o trabalho de cuidar da terra, plantar diversidade de espécies, misturando nativas e não nativas, espécies que produzem alimentos para as pessoas, os animais, o solo…
Com o plantio adensado por mudas e sementes, de dezenas de espécies de árvores, como copaíba, aroeira, aroeira pimenteira, ipê, urucum, entre elas também frutíferas como jatobá, jaca, limão, abacate, ingá, jabuticaba, pitanga, cajá, pitomba, juntamente com hortaliças e outras espécies agrícolas, açafrão, bananeiras, café, palmeiras, plantas produtoras de biomassa e que rebrotam vigorosamente, essa agrofloresta sucessional, que se transforma no tempo, muda a paisagem, fazendo transbordar de vida essa terra há uma década encontrada em processo de desertificação. O manejo é constante, com capina seletiva e podas periódicas.
A presença humana pode resultar em aumento de recursos para a vida, no respeito às outras formas de vida, pode transformar o ambiente para que possa “voltar a ser um ser querido na natureza”, como diz nosso querido Ernst Götsch. Como parte da natureza, percebendo-se parte de um sistema inteligente, o diálogo com todos os seres presentes e os que estão por vir, e a intervenção consciente no sentido de aumentar a vida no lugar, o ser humano é o principal componente da agrofloresta, pois é quem interfere, acelerando processos. Assim a agrofloresta, baseada na dinâmica da sucessão ecológica, ao replicar o modo de funcionar da natureza, é uma agricultura de processos e não de insumos. Grande parte do Cerrado está degradado por intervenção antrópica pelo uso indiscriminado do fogo, gado e uso frequente de maquinários pesados para a monocultura e uso de agrotóxicos.
O ser humano, um ser biológico, mamífero de grande porte, pode (e deve) se reconciliar com a mãe Terra de modo que o resultado de suas ações seja mais vida e recursos para a vida, como nos lembra Ernst. Com o trabalho de restauração com agrofloresta, há produção de alimentos, que são compartilhados numa abordagem de economia solidária, a CSA (Comunidade que Sustenta a Agricultura). Uma parceria entre agricultor(a) e pessoas que apoiam essa atividade produtiva. Toda semana, 30 cestas com 10 itens de alimentos da safra, são disponibilizadas para essa comunidade fraterna que exercita a solidariedade e a corresponsabilidade na produção de alimentos.
Eu sou Fabiana Mongeli Peneireiro, quem interage nesse espaço no sentido de buscar a regeneração dos ecossistemas com inclusão do ser humano, como agricultora da CSA Aldeia do Altiplano, juntamente com tantos amigos que também contribuíram e contribuem para que este sonho seja realidade. Faço parte da ONG Mutirão Agroflorestal e me realizo ao desenvolver esse trabalho, para mim tão gratificante, pois sinto que estou cumprindo meu papel no Planeta.
Livro:
Miccolis, A.; Peneireiro, F.M.; Marque, H.R.; Vieira, D.L.M.; Arco-Verde, M.F.; Hoffmann, M.R.; Rehder, T.; Pereira, A.V.B. Guia técnico – Restauração ecológica com sistema agroflorestais, conciliar conservação com produção: Opções para Cerrado e Caatinga. Brasília: Instituto Sociedade, População e Natureza – ISPN/Centro Internacional de Pesquisa Agroflorestal – ICRAF, 2017. Disponível no link: https://www.florestal.gov.br/publicacoes/873-guia-tecnico-restauracao-ecologica-com-sistema-agroflorestais-conciliar-conservacao-com-producao-opcoes-para-cerrado-e-caatinga
Filmes:
Regeneração Produção e Manejo Agroflorestal com Fabi Peneireiro [2020], por Eurico Viana. Disponível no link https://www.youtube.com/watch?v=ag8bcM8ntvw
Agrofloresta – agricultura recuperando o meio ambiente [2019], pela TV Câmara. Disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=uSiuV0CkREM