Restaura Flona

O projeto Agrofloresta Prestadora de Serviços Ecossistêmicos visa beneficiar comunidades de agricultores familiares que se encontram no Cerrado, no RIDE Brasília e fazem parte de uma área chave para a biodiversidade. Um dos componentes principais deste projeto é contribuir com a segurança alimentar e melhoria de renda das famílias mediante a produção orgânica de alimentos nas agroflorestas, promovendo paisagens produtivas sustentáveis, que servirão de modelo e exemplo para todos os comunitários replicarem. Fortalecer as cadeias produtivas associadas com o uso sustentável dos recursos naturais e a restauração ecológica; Promover a adoção de políticas públicas e incentivos econômicos para ampliar a escala e a eficácia da conservação e restauração de Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reservas Legais (RLs), por meio de sistemas produtivos melhorados que reforcem os serviços ecossistêmicos. Garantir a proteção da biodiversidade diminuindo o desmatamento mediante a melhoria do solo e aumento da produtividade da agricultura familiar e manter os serviços ecossistêmicos mediante agroflorestas que contribuirão para o sequestro de carbono, manutenção da umidade do solo e maior disponibilidade de água.

 

Emenda do Projeto: Restaura Flona

 

A Floresta Nacional de Brasília ocupa altitudes e posição geográfica estratégicas à produção de água no Distrito Federal, e de fato, área de 116 km², vazão média de aproximados 1200 L/s e variação de vazão de 920 L/s ao longo do ano, março e abril com as maiores vazões 1573 L/s e setembro e outubro com as menores, 655 L/s (ZEE-DF). Essa vazão abastece o reservatório do Descoberto, localizado à 10 km de distância relevo abaixo. A vazão hídrica do ribeirão das Pedra é consequência de nascentes difusas distribuídas ao longo de aproximados 4 km de extensão no eixo norte-sul e em outros 4 km no eixo leste-oeste da UC, o que forma visualmente um grande “T” composto por áreas úmidas e com formações campestres e florestais.

Esse complexo paisagístico está inserido de modo centralizado na área 1 da FLONA, e sua capacidade de vazão hídrica anual reforça a principal justificativa para manter e investir na restauração da vegetação nativa nesta unidade. Inclusive considerando o cenário crítico de crise hídrica e energética sazonalmente marcados na região. Outros serviços ecossistêmicos e socioeconômicos são também prestados diretamente pela FLONA à comunidade, uma vez que a UC é importante área de visitação, manutenção de biodiversidade e regulação climática no Distrito Federal.

 

Nos ambientes úmidos anteriormente citados e representados pelos campos de murundus, campos limpos e pelas matas de galerias nas porções mais baixas do relevo e/ou ao longo de calhas de cursos d’água bem definidos, o principal fator de degradação é a presença dinâmica expansiva do Samambaião (Pteridium esculentum subsp. arachnoideum (Kaulf.) Thomson). Essa espécie tem ocupação generalizada, em maciços disjuntos e contínuos ao longo das áreas úmidas, especialmente nas bordas onde há o encontro fitofisionômico entre as formações campestres, graminosas e arbustivas com as formações florestais, bem encaixadas na calha dos cursos d’água. A população dessa Pteridófita representa uma ameaça à biodiversidade e à integridade dos ambientes, uma vez que tem potencial de crescimento vegetativo e expansão de ocupação em área de modo acelerado.

 

Parte da paisagem, nos platôs infiltrantes das águas pluviais na FLONA, relevo acima e circundando as áreas úmidas em um contínuo cinturão verde, é encontrada vegetação original de cerrado sentido restrito com predominância de eucalipto plantado e pinus, plantado e espontâneo, em diferentes níveis de adensamento. 

 

No dia 12 de junho de 2021 foram executados os serviços de campo, produzidos vídeos e fotos panorâmicas das áreas pré-definidas como interesse do Projeto. Foram realizados os voos de aerolevantamento capturando as fotos para processamento e geração dos produtos de uso e ocupação do solo com a identificação da mancha de vegetação coberta pelo Samambaião e Capim Gordura, principais plantas invasoras nas áreas nativas.

Entendemos como reequilíbrio ambiental das áreas o controle do samambaião concomitantemente ao aumento e estabelecimento da biodiversidade vegetal nativa, predominantemente campestre e savânica, sobre os solos dos dois polígonos delimitados. Os polígonos de atuação do projeto estão a esquerda e a direita, de um dos principais pontos de visitação na unidade, denominado “Geladeira”, ao longo do ribeirão das Pedras e com coordenada central 15º 45′ 27” S – 48º 04′ 41” O.

As entregas principais desse projeto são: o início da restauração em 11 hectares (seleção da área, preparo do terreno e plantio de cobertura e diversidade do Cerrado) contratados inseridos em trajetória desejada de restauração ambiental e protocolo técnico sugerido para que a unidade possa dar continuidade ao controle da invasora em outros locais de interesse. Outras entregas secundárias e tão importantes quanto, são relacionadas ao engajamento e educação ambiental da população relacionada, aumento da produção e qualidade de água na região.

 

Coleta de Sementes

 

A coleta de sementes florestais nativas, visa à recuperação ambiental de áreas cujos ecossistemas estejam degradados. É importante definir as áreas a serem visitadas assim como a metodologia correta a ser empregada na colheita de propágulos. Deve-se buscar informações sobre a localização geográfica das fontes de sementes; um dos procedimentos para a definição das áreas de coleta é a prospecção prévia, que consiste em pesquisas ou sondagens para descobrir a localização das espécies florestais desejadas. Uma vez identificadas as árvores matrizes, essas passam a fazer parte das coletas futuras, tanto em área natural de coleta de sementes alterada ou não. Dessa forma, a estratégia de coleta a ser adotada deve ser específica para cada situação, dependendo da forma de amostragem das populações, dos fatores climáticos, ecológicos e logísticos (Souza Medeiros/Nogueira, 2006).

 

O planejamento para a coleta prevê quatro expedições por grupos de ciclistas ou grupos de caminhantes que se reunião com monitores. Serão 6 monitores da Tikré Brasil e da Rede Bartô com 10 pessoas para cada um dos facilitadores da coleta, totalizando assim 60 usuários cadastrados por dia. Os grupos serão determinados previamente mediante ao cadastro do usuário com algumas informações básicas e as datas de coleta repassadas á estes após o cadastro via e-mail e/ou WhatsApp. Os percursos e os pontos de coleta serão pré-definidos, através das estradas e trilhas já existentes na UC. As sementes coletadas serão coletadas por veículos de apoio, beneficiadas em ambiente de trabalho da Tikré, por funcionários da Tikré e estocadas na FLONA até o dia do plantio, pré-agendado para a primeira semana de novembro de 2021. Na imagem a seguir estão os pontos demarcados para coleta de sementes:

Localizamos potenciais pontos de coletas para receber os voluntários ao longo do mês de setembro de 2021 para as coletas. Foi marcado caminhamento e pontos controle com as populações de plantas desejadas. Em 10 pontos de coletas marcados, algumas espécies localizadas na UC com potencial de coleta:

 

1-Banisteriopsis sp, 2- Hortia oreadica, 3- Jacaranda ulei, 4-Calliandra dysantha, 5- Chresta sphaerocepphala, 6-Tibouchina sp., 7-Poaceae 1, 8-Andropogon sp., 9- Aristida riaparia.
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