Dia Mundial da Água - Todas as águas são emendadas
Houve redução nas chuvas em todas as regiões do Cerrado nos últimos 20 anos, como consequência disso, as bacias hidrográficas do Cerrado estão secando e perdendo sua capacidade de abastecer alguns dos principais rios brasileiros, como o Madeira, o Paraná, o Araguaia, o Tocantins, o Xingu e o São Francisco. O fenômeno resulta de uma combinação de fatores, relacionados à diminuição do volume de chuvas e ao aumento da perda de água no solo por evaporação e pela transpiração das plantas, combinação conhecida como evapotranspiração (Manzoni et. al 2023). Paralelo a esta situação, existe um processo de exploração intensa e apropriação das águas do Cerrado, ou seja, 70,4% dos pivôs centrais do Brasil estão no Cerrado em uma área de 1,35 milhão de hectares (ANA 2023). Desta maneira, o Cerrado está deixando de ser um grande coletor de água porque cada vez mais está saindo água para atender as grandes e médias propriedades e entrando menos no bioma.
O consumo real de água permanece invisibilizado porque não se considera o consumo indireto feito pelo agronegócio. Assim, um único quilo de carne bovina demanda 15,5 mil litros de água para ser produzido e comercializado. Agora, faça a conta, o Brasil tem 234,4 milhões de cabeças de gado (IBGE 2023).
Por isto queremos não só apresentar os dados sobre a situação das águas do Cerrado, senão nos mobilizarmos urgentemente, como cidadãos-consumidores, na defesa do Cerrado em pé e vivo.
Que o dia Mundial da Água seja efetivamente um momento de refle-Ação!!!”
– Rosângela Azevedo Corrêa – cerratense de corpo e alma, historiadora e antropóloga social, diretora geral do Museu do Cerrado, professora na Faculdade de Educação da Universidade de Brasília.
– Eugênio Giovenardi – 89 anos – Ecossociólogo, 27 livros publicados, 13 sobre ecologia e ecossistemas. Aposentado da Organização Internacional do Trabalho (PNUD), Acadêmico do Instituto Histórico e Geográfico/ DF e da Academia de Letras do Brasil. Administra a regeneração de 70 ha de Cerrado no DF e assinou o primeiro Termo de Compromisso em Caráter Perpétuo no Distrito Federal com o IBRAM/SEMA/DF em agosto de 2023, onde declara a BIOCOMUNIDADE SÍTIO DAS NEVES localizada na BR 060 Km 26 como reserva do patrimônio nacional.
– Marcelo Benini é bacharel em Comunicação Social, com especializações em Gestão de Marketing e em Análise Ambiental e Desenvolvimento Sustentável. É idealizador e coordenador da GAE – Guardiães de Águas Emendadas – articulação da sociedade civil que atua pela preservação do fenômeno natural das Águas Emendadas, localizado em Planaltina, região norte do Distrito Federal. É também poeta, com cinco livros publicados no Brasil e obras editadas em revistas, sites especializados e coletâneas na América Latina, Portugal, Espanha, Alemanha e Moçambique.
– Lucas Monteiro é graduado em Gestão Ambiental pela Faculdade UnB Planaltina, mestre e doutorando em Ecologia também pela Universidade de Brasília. Possui experiência em educação ambiental para a crise climática e no ciclo biogeoquímico do mercúrio em ecossistemas aquáticos e terrestres do bioma Cerrado.
Disponível em:
https://www.youtube.com/live/wy6bHKm0cE4?feature=shared