Fogo no Cerrado!
Os biomas são territórios sagrados de vida que consumidos pelo fogo criminoso, provocados para o desmatamento que dará lugar a pasto e plantação de commodities, queima a vida, a fauna, a flora, o solo, a biodiversidade, as moradias, os locais sagrados, a soberania alimentar, prejudica também a subsistência dos povos indígenas e das comunidades tradicionais e o modo de vida dessas pessoas, afeta diretamente as mudanças climáticas, como a saúde e a subsistência dos povos, do campo e da cidade e queima a esperança de um país melhor.
O Brasil possui uma grande diversidade de biomas e, dentro deles, de ecossistemas, cada qual com uma resposta diferente ao fogo. Enquanto ambientes de floresta, que predominam na Amazônia e na Mata Atlântica, são extremamente vulneráveis às queimadas, ambientes de campos naturais e savanas, como os que ocorrem no Cerrado, nos Campos Sulinos e no próprio Pantanal, apresentam adaptações ao fogo e têm muitos de seus processos ecológicos dependentes dele. No entanto, mesmo os ecossistemas adaptados ao fogo respondem diferentemente, dependendo do tipo, frequência, sazonalidade, intensidade e extensão do mesmo.
No Cerrado, um dos fatores abióticos que influenciam na fenologia das plantas é o fogo, o qual é um distúrbio natural que interfere em diversos ecossistemas do mundo. O fogo altera as condições do habitat podendo afetar a floração, frutificação, atributos das sementes e germinação. O foco no Cerrado se justifica por ser a savana tropical mais biodiversa do mundo, considerado um dos “hotspots” para conservação da biodiversidade no planeta (Klink & Machado, 2005). Sua área ocupa 2 milhões de km2 no Brasil central, equivalente a 22% do território nacional. Contando com distintas fitofisionomias vegetais e ecossistemas singulares (Ribeiro e Walter, 1998), sua diversidade interna também é resultado do modo como o fogo contribuiu para a evolução do bioma (Nascimento, 2001). Há milhões de anos queimas ocasionadas por raios atuam como fator de seleção de espécies e constituição de ambientes pirofíticos, isto é, que evoluíram com distúrbios ocasionados pelo fogo (Miranda 2010).
Fonte: Understanding Brazil’s catastrophic fires: Causes, consequences and policy needed to prevent future tragedies. Pivello V.R., Vieira I., Christianini A.V., Ribeiro D.B., da Silva Menezes L., Berlinck C.N., Melo F.P.L., (…), Overbeck G.E. (2021) Perspectives in Ecology and Conservation, 19 (3) , pp. 233-255.
Incêndio é um fogo descontrolado, de origem natural – raios, ou antrópica [ação do ser humano], que destrói um patrimônio natural (floresta e outras formas de vegetação) ou construído.
Queimada é um fogo de origem antrópica intencional com o objetivo de reduzir a biomassa vegetal: para preparar área para cultivo agrícola ou renovação de pasto, para eliminar restos de cultura agrícola, ou para controlar a biomassa combustível em vegetação natural para reduzir os riscos de um incêndio florestal de grandes proporções, ou para restaurar a dinâmica ecológica de ecossistemas campestres ou savânicos onde o fogo é um agente ecológico presente na história e evolução destes ecossistemas.
O Manejo Integrado do Fogo (MIF) é uma abordagem holística que considera aspectos ecológicos, socioculturais e técnicos, e propõe o uso de queimadas controladas no início do período de seca com vistas a garantir a conservação e o uso sustentável de ecossistemas. O objetivo é mostrar que o fogo pode ter impactos negativos e positivos a depender de como, onde, quando e porque é utilizado, apresentando-se como uma estratégia para a redução de incêndios e para a redução de emissões de gases de efeito estufa.
O MIF é uma abordagem que, apesar de ter sido adotada institucionalmente há menos de dez anos pelo ICMBIO nas Unidades de Conservação Federais, remonta a técnicas muito antigas de usos do fogo pelo homem. Em outras palavras, o fogo faz parte do cotidiano humano há milhares de anos, além de ser um elemento natural em diversos ecossistemas do mundo, inclusive em algumas paisagens do bioma Cerrado (como os ambientes campestres e savânicos), onde está inserido o PNCV. O curta-metragem “o fogo aliado” contextualiza o MIF no PNCV para mostrar um dia de trabalho em campo, onde algumas queimas prescritas feitas pela equipe de brigadistas do Parque foram medidas para acessarmos o comportamento do fogo durante essas queimas, que é um dos aspectos muito importante das pesquisas com MIF no Cerrado. Direção: Nádia Malena e Ana Carla dos Santos Edição: Nádia Malena Consultoria Geral: Isabel Belloni Schmidt e Luís Henrique Neves
Vídeos:
“Manejo Integrado do Fogo”
Canal do Ipê
O que é Manejo Integrado do Fogo? Quais os desafios do voluntariado nesse segmento? Como o fogo pode ajudar na conservação da biodiversidade? Essas são algumas das perguntas que movem o primeiro episódio da série de vídeos institucionais do projeto Voluntariado no Manejo Integrado do Fogo (MIF)
20 de set. de 2023
Disponível em: Manejo Integrado do Fogo
O Fogo Aliado – Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros
“Política Nacional do Manejo Integrado do Fogo“
Realização: Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN); Frente Parlamentar Ambientalista e WWF Brasil, 25 de nov. de 2020
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=kOmW_UtZsnk
Frente Ambientalista
Convidados:
Dra. Isabel B. Schmidt, Universidade de Brasília DRA. Renata Libonati, Meteorologia – UFRJ Warley C. Rodrigues, Instituto Natureza do Tocantins DR. Bráulio F. de Souza Dias, Universidade de Brasília
25 de nov. de 2020
Disponível em: Frente Ambientalista
O Fogo Aliado – Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio
Uma das pesquisas que estão sendo desenvolvidas no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros atualmente é sobre o Manejo Integrado do Fogo (MIF). O MIF é uma abordagem que, apesar de ter sido adotada institucionalmente há menos de dez anos pelo ICMBIO nas Unidades de Conservação Federais, remonta a técnicas muito antigas de usos do fogo pelo homem. Em outras palavras, o fogo faz parte do cotidiano humano há milhares de anos, além de ser um elemento natural em diversos ecossistemas do mundo, inclusive em algumas paisagens do bioma Cerrado (como os ambientes campestres e savânicos), onde está inserido o PNCV. O curta-metragem “o fogo aliado” contextualiza o MIF no PNCV para mostrar um dia de trabalho em campo, onde algumas queimas prescritas feitas pela equipe de brigadistas do Parque foram medidas para acessarmos o comportamento do fogo durante essas queimas, que é um dos aspectos muito importante das pesquisas com MIF no Cerrado. 15 de jul. de 2020 Direção: Nádia Malena e Ana Carla dos Santos Edição: Nádia Malena Consultoria Geral: Isabel Belloni Schmidt e Luís Henrique Neves
Disponível em: O Fogo Aliado – Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros
O fogo vem sendo utilizado há milhares de anos pelas populações residentes nas savanas de todo o mundo. No Brasil, existem relatos antigos sobre a utilização intensiva do fogo pelas comunidades indígenas, muitos desses carregados de preconceito, atribuindo aos indígenas adjetivos como “incendiários contumazes” (Leonel 2000). Essa visão não foi alterada com as evidências de que as Terras Indígenas estão entre as áreas mais bem conservadas (Welch 2013) e onde são verificados os menores índices de desmatamento no país (Funai 2014).
O avanço das pesquisas científicas relacionadas aos efeitos ecológicos do fogo, realizadas ao redor do mundo (Lehmann 2014; William & Bond 2005) e no Brasil (Miranda 2010), demonstraram o papel fundamental do fogo no manejo e conservação das savanas. Desde então, começou-se a enxergar as práticas tradicionais de outra maneira. De “incendiários contumazes” os indígenas passaram a ser considerados, muitas vezes, especialistas em manejo e ecologia do fogo. Recentemente, pesquisadores e gestores vêm procurando resgatar esses conhecimentos tradicionais sobre os efeitos do fogo no Cerrado, seus objetivos, princípios, regimes e aplicações atuais, a exemplo de Melo (2007), Falleiro (2011) e Santana (2015), no caso brasileiro.
MIF nas Terras Indígenas possibilitou a integração das realidades socioculturais e das necessidades ecológicas com abordagens tecnológicas, proporcionando o resgate de práticas e conhecimentos tradicionais e o desenvolvimento de uma metodologia de planejamento e aplicação que respeita e valoriza as comunidades locais.
Fonte:
FALLEIRO, R. M. Resgate do Manejo Tradicional do Cerrado com Fogo para Proteção das Terras Indígenas do Oeste do Mato Grosso: um Estudo de Caso. Biodiversidade Brasileira, [s. l.], v. 2, p. 86–96, 2011. FALLEIRO, R. M.; SANTANA, M. T.; BERNI, C. R. As contribuições do manejo integrado do fogo para o controle dos incêndios florestais nas Terras Indígenas do Brasil. Biodiversidade Brasileira, [s. l.], v. 6, n. 2, p. 88–105, 2016.
FALLEIRO, R. Produção de frutos do cerrado utilizando o manejo tradicional do fogo. Anais do 3o Congresso Internacional Povos da América Latina (CIPIAL), 2019.
Vídeo:
Queimando o Bananal
Nos últimos anos, o Ministério do Meio Ambiente do Brasil vem trabalhando em parceria com comunidades indígenas. Eles estão aprendendo com os indivíduos mais velhos práticas de manejo do fogo, empregando indígenas no combate a incêndios e investindo na aplicação dessas práticas em larga escala. Essa abordagem evoluiu até se tornar a estratégia Manejo Integrado do Fogo, que utiliza queimadas planejadas em épocas específicas do ano para evitar a destruição de grandes áreas na temporada de calor e seca, quando costumam ocorrer grandes incêndios sem controle. Os conhecimentos tradicionais são a base de todo o trabalho das queimadas planejadas em territórios indígenas e já vêm sendo empregados em sete estados brasileiros (Mato Grosso, Roraima, Mato Grosso do Sul, Goiás, Maranhão, Tocantins e Amazonas) sobre mais de 11 milhões de hectares de territórios indígenas.
O Manejo do Fogo de Base Comunitária (MIFBC) busca promover a responsabilidade e o protagonismo das comunidades residentes em unidades de conservação e seu entorno no processo de tomada de decisão sobre o uso do fogo, visando minimizar a ocorrência e a extensão de incêndios.
O Manejo do Fogo de Base Comunitária é uma forma de gestão territorial que promove a efetiva participação das comunidades locais no planejamento e implementação conjunta de queimas controladas. Com isso, possibilita: (i) proteger a infraestrutura das comunidades; (ii) proteger áreas de recursos naturais importantes, como pastos, terras agrícolas e florestas sensíveis ao fogo; (iii) melhorar as práticas agropecuárias de subsistência; e (iv) assegurar que as queimas sejam realizadas de maneira mais benéfica para a conservação da biodiversidade e proteção do clima.
Um exemplo de Manejo do Fogo de Base Comunitária é o trabalho feito na Área de Proteção Ambiental do Jalapão que abrange parte dos municípios de Mateiros, Ponte Alta do Tocantins e Novo Acordo, coincide como zona de amortecimento do Parque Estadual do Jalapão (PEJ). Também faz limite com a Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins e o Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba. Parte dos incêndios que atingem as UCs de Proteção Integral do Jalapão começa em propriedades inseridas na Área de Proteção Ambiental do Jalapão que possui mais de 460 mil hectares. Desde o ano de 2015, foram estabelecidas 11 zonas de manejo do fogo no Jalapão e o MIF é uma das estratégias de gestão do território. O Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), por meio da equipe da Área de Proteção Ambiental (APA) do Jalapão, estabelece as ações de queimas prescritas na região. Um desses locais é a comunidade vizinha da Cachoeira da Velha, que é uma área do Estado, onde foi praticado o Manejo do Fogo de Base Comunitária.
Patrimônio Mundial (UNESCO), o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros possui 240 mil hectares de área destinada à conservação da biodiversidade.
Entre as espécies da fauna que habitam o parque, cerca de 50 são classificadas como raras, endêmicas ou sob risco de extinção na área. Quanto à flora, já foram identificadas 1.476 espécies de plantas no parque, das mais de 6 mil que existem no bioma do cerrado.
A Rede Contra Fogo trabalha pela proteção e preservação da Chapada dos Veadeiros e do Cerrado brasileiro, através do combate aos incêndios e ações de voluntariado.
FIQUE EM CONTATO COM A REDE
Site: https://redecontrafogo.org.br/
@redecontrafogo.veadeiros
/redecontrafogo
contato@redecontrafogo.org.br
O Museu do Fogo sob a ótica do MIF – Manejo Integrado do Fogo, nasce com o objetivo de promover a conscientização ambiental para fins de conservação do Bioma Cerrado, e também apoiar a BRIVAC – Brigada Voluntária Ambiental de Cavalcante, através do Departamento de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais na Chapada dos Veadeiros, no estado de Goiás.
As visitas são gratuitas, autoguiadas e não é necessário realizar agendamento. Porém, se você pretende visitar o museu em grupos de mais de 10 pessoas, como visitas escolares, de empresas ou grupos turísticos, é necessário realizar um agendamento para que possamos disponibilizar um brigadista que irá guiar a visita, dessa forma conseguimos melhorar a sua experiência no museu.
Para agendar uma visita guiada basta encaminhar um e-mail para contato@museudofogo.com.br, com as seguintes informações:
*Quantidade de pessoas;
*Nome da escola, universidade, instituição ou empresa;
*Dias e horários disponíveis.
Após enviar sua solicitação de agendamento, nossa equipe irá solicitar a disponibilidade de um monitor brigadista da Brivac para realizar a visita guiada. Por isso, a confirmação do agendamento é realizada por e-mail, nossa equipe irá entrar em contato para confirmar ou acordar uma nova data.
Site: https://www.museudofogo.com.br/
Endereço: Rua Cristã, Cavalcante – GO, Brasil
E.mail: contato@museudofogo.com.br
Aberto todos os dias das 17h às 23h e às quartas-feiras estamos fechados.
A Articulação AGRO é FOGO reúne movimentos, organizações e pastorais sociais que atuam há décadas na defesa da Amazônia, Cerrado e Pantanal e seus povos e comunidades. Surgiu enquanto articulação como reação aos incêndios florestais que assolaram o Brasil nos últimos dois anos. Do infame Dia do Fogo em 2019 aos incêndios que devastaram o Pantanal em 2020, assistimos atônitos a um governo que mente sobre as causas e sobre sua própria responsabilidade no ocorrido. Nos move não somente a necessidade de qualificar o debate público. Mas sobretudo ir além das imagens de satélite e números de desmatamento, trazendo a dimensão do que é vivido no chão da floresta e dos sertões.
Nesse sentido, lembramos que ao nos indignar e lamentar a devastação, precisamos rememorar e nos inspirar no espírito das lutas dos seringueiros com Chico Mendes realizando os empates amazônicos; da luta das quebradeiras de coco-babaçu com Dona Raimunda, Dona Dijé e até hoje em todo o Cerrado em defesa dos babaçuais; dos tantos heróis e heroínas dos povos indígenas, comunidades quilombolas, pantaneiras, geraizeiras, raizeiras, retireiras, ribeirinhas, assentadas de reforma agrária que, ao longo do tempo, têm defendido as florestas e matas nativas com seus próprios corpos.
É em honra deles e delas, a “história que a história não conta”, que os grupos que compõem essa articulação afirmam o compromisso com a memória, a verdade e a justiça. Não nos calamos diante de velhos estratagemas autoritários reeditados, que incitam o ódio e o racismo e sustentam farsas e crimes contra os direitos dos povos.
Se ainda há Pantanal, Cerrado e Amazônia em pé é porque esses povos estão com os pés em seus territórios, defendendo as matas, as águas, os bichos e a biodiversidade!
Site: https://agroefogo.org.br/
A plataforma agrega análises e denúncias sobre as múltiplas dimensões da devastação ambiental e dos conflitos por terra que se dão no rastro do uso criminoso do fogo pela cadeia do agronegócio, evidenciando a relação intrínseca entre a questão ambiental e a questão agrária e fundiária no Brasil.
Defender a reforma agrária e os direitos territoriais dos povos e comunidades da Amazônia, Cerrado e Pantanal é não somente um imperativo ético, mas também ecológico.
Roda de Conversa Elos do Cerrado do dia 1/09/2020
Como lidamos com o fogo no Cerrado?
Mediador: Roberto Cavalcanti (Depto de Zoologia – IB – Universidade de Brasília) Palestrantes: Isabel Schmidt (Dep. de Ecologia – UnB), Rossano Marchetti Ramos (Prevfogo/Ibama), Eldo Barreto (Fecho de Pasto de Correntina), Rafael Drumond (Brivac), Amilton Sá (Rede Contra Fogo)
O Elos do Cerrado é uma iniciativa do Instituto Cerrados em parceria com a Embaixada da França, Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF), Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), Nature and Culture International (NCI), Instituto Sociedade População Natureza (ISPN), WWF-Brasil, Greenpeace Brasil, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Conservation Strategy Fund (CSF), Rede Cerrado, Fundação Mais Cerrado e Aliança Francesa de Brasília.
Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=A7Qbp4kt_bg
O Monitor do Fogo é o mapeamento mensal de cicatrizes de fogo para o Brasil, abrangendo o período a partir de 2019, e atualizados mensalmente. É baseado em mosaicos mensais de imagens multiespectrais do Sentinel 2 com resolução espacial de 10 metros e temporal de 5 dias. O Monitor de Fogo revela em tempo quase real a localização e extensão das áreas queimadas, facilitando assim a contabilidade da destruição decorrente do fogo:
HISTÓRICO DO FOGO NO BRASIL: RESULTADOS DA COLEÇÃO 3 DO MAPBIOMAS FOGO (1985 A 2023)
Disponível em:
Dados do Monitor do Fogo do MapBiomas mostram que mais de 17,3 milhões de hectares foram queimados no Brasil em 2023. Área maior do que o território de estados como Acre ou Ceará.
O aumento em relação a 2022, quando 16,3 Mha foram atingidos pelo fogo, foi de 6%. A área atingida pelo fogo no ano passado foi de aproximadamente 2% do território brasileiro.
O Cerrado foi o segundo bioma mais afetado pelo fogo em setembro, 54.298 incêndios atingiram o bioma desde o início deste ano até a metade da segunda semana de setembro, ou seja, foram 4,3 milhões de hectares queimados. O número já ultrapassa o total de focos computados ao longo dos doze meses de 2023, quando foram registrados 50.713 incêndios. Os dados são do monitoramento realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). É a maior área queimada em um mês de setembro nos últimos cinco anos, com 64% a mais do que a média histórica para o período. A maior parte das áreas queimadas (88,3%) em setembro foi em vegetação nativa: foram 3,8 milhões de hectares, com destaque para formações savânicas (2,2 milhões de hectares) e campos alagados (1,1 milhão de hectares).
O Cerrado está em chamas e os povos e comunidades tradicionais são os mais impactados. Houve um incremento no desmate de territórios que abrigam comunidades tradicionais e guardiãs do bioma. Na comparação com 2022, o desmatamento em terras indígenas no Cerrado aumentou 188% e 665% em território quilombola (TQ).