Natural de Uru, pequena cidade do interior Paulista, o violeiro e artesão é conhecido por tocar em instrumentos que ele próprio fabrica como as violas de cabaça. Com base nos valores da cultura popular e misturando elementos que formam nossa música Brasileira, Levi Ramiro celebra em suas composições a poesia e simplicidade da vida interiorana. Músicas registradas até aqui em dez álbuns autorais e em álbuns de outros artistas.
De formação autodidata, iniciou-se na música tocando violão popular. No começo da década de noventa adota a viola como principal instrumento absorvendo seu universo cultural que veio de encontro com suas raízes, motivo pelo qual ampliou sua produção musical tanto na arte de tocar como fabricar este instrumento.
Premiado em 2019 na categoria Violeiro pelo PPM Prêmio Profissionais da Música: https://revistaforum.com.br/cultura/levi-ramiro-vence-premio-profissionais-da-musica-na-categoria-violas-e-violeiros/
Participou da 18ª edição do projeto Sonora Brasil tema Violas Brasileiras biênio 2015/2016 promovido pelo Sesc conhecido como o maior projeto de circulação musical do Brasil. Além de outros três grupos, Levi Ramiro ao lado do amigo Paulo Freire representando a Viola do Sertão e a Viola Caipira circularam por todos os Estados do Brasil. http://www.sesc.com.br/portal/cultura/ musica/sonora_brasil/
Recebeu o Prêmio Rozini 2010 Excelência da Viola Caipira junto com os violeiros; Rogério Gulin, Índio Cachoeira e Marcos violeiro na categoria de Violeiro solo.
Após ficar como finalista do Festival Syngenta de Viola Instrumental em 2004, foi anfitrião da série Circuito Syngenta de Viola Instrumental 2009 e 2010, tocando em inúmeros teatros pelo Brasil dividindo o palco com músicos e violeiros de expressão nacional. www.ciruitosyngentadeviola.com.br
Em 2005 foi selecionado para o projeto Rumos musicais do Itaú cultural com material registra- do em CD e DVD que tem por objetivo mapear e divulgar a produção musical Brasileira em todas as tendências.
Além de apresentar-se por todo o Brasil com diferentes formações, promove oficinas de iniciação da viola, oficina de Ritmos Caipiras, a oficina Convivência com a Viola e a oficina Fabricação da Viola de Cabaça.
Tem participação em discos de vários artistas tocando sua viola e na direção musical dos discos de amigos como: João Bá, Socorro Lira, Daniel de Paula, Júlio Santin, Carlos Vergalim, Jackson Ricarte e Adriano Rosa.
Violeiro e artesão, Levi Ramiro Silva nasceu em 1966, na cidade de Uru/SP, e atualmente reside em Pirajuí/SP. Ministra oficinas de fabricação e toque de viola em várias regiões do Brasil com destaque para sua oficina “Fabricação da Viola Brasileira feita com cabaça.” Para Levi Ramiro, a Viola de Cabaça é uma legítima viola da terra. Iniciou sua aprendizagem com música caipira e música regional, e atualmente toca música autoral (canções e instrumental), compondo em estilo variado: regional, Baião, Milonga, Caipira dentre outros, assim como também toca o cancioneiro caipira, e outros estilos e compositores.
CORRÊA, Jussânia Borges. Ecomusicologia no Cerrado: violeiras e violeiros convivendo com a natureza. 2017. 268 f., il. Dissertação (Mestrado em Música)—Universidade de Brasília, Brasília, 2017. Disponível em: <https://repositorio.unb.br/handle/10482/31444>
Eu tenho canções e músicas instrumentais sobre o bioma e sua cultura popular que, estão em diversos trabalhos meus. Muitos dos meus discos estão nas plataformas digitais com músicas como: Tema do cerrado (cd Viola de todos os cantos), Berço das águas ( cd Nosso Quintal), Madrinha Flor ( Para Dona Flor, mestra da região de Alto Paraíso, está no cd Capiau), Outro dia quente (cd Purunga) e por aí vai. Fiz parte da trilha sonora do documentário “Por trás da cortina verde” sobre impacto socioambiental do eucalipto na região do médio Jequitinhonha em MG.
Esse violeiro nasceu em uma região de Cerrado, que ele chama de “cerradão paulista.” Segundo, Levi Ramiro, há algum tempo foi informado que resta apenas 1% de Cerrado nesta área. “Praticamente tudo foi transformado em urbanização, monoculturas, pecuária e por aí…” (Ramiro 2017). Viajando pelos cerrados brasileiros, principalmente norte de MG, Levi ficou com a impressão de que “o ser humano continua pensando que está acima da natureza, como se não fizesse parte dela e sim que ela está pra servi-lo em toda a sua vida de objetivos que fogem da máxima, equilíbrio ambiental” (Ramiro 2017).
Por meio da arte, Levi diz tentar fazer sua parte, o que é visível em suas composições como, Tá no Balaio, um Pagode de viola, gravado em seu CD “Nosso Quintal” (2008) (…).
Levi diz não desenvolver um trabalho com a viola intencionalmente voltado à conscientização ambiental no Cerrado, mas em sua fala o violeiro menciona o intuito de que as pessoas se emocionem com as mensagens de suas músicas:
“os temas são mais ligados a importância, beleza, histórias da ocupação e cultura popular do que algum tipo de militância em causa disto ou daquilo. Claro que a ideia é emocionar com conscientização” (Ramiro 2017).
CORRÊA, Jussânia Borges. Ecomusicologia no Cerrado: violeiras e violeiros convivendo com a natureza. 2017. 268 f., il. Dissertação (Mestrado em Música)—Universidade de Brasília, Brasília, 2017. Disponível: <https://repositorio.unb.br/handle/10482/31444>
Ficha técnica das músicas do Cerrado – Levi Ramiro
01- Tema do Cerrado (Levi Ramiro) Viola Caipira: Levi Ramiro;
Violão e vocalize: Zé Esmerindo;
Percussão: Magrão (Roberto Peres);
02- Remanso (Levi Ramiro)
Viola Dinâmica e Violão: Levi Ramiro;
Sanfona: Edu Guimarães;
Percussão e palmas: André Rass;
03- Berço das Águas (Levi Ramiro)
Viola Caipira e Violão: Levi Ramiro;
Vocalize: Dani Lasalvia
04- Dias na Canastra (Levi Ramiro)
Viola Dinâmica: Levi Ramiro;
Percussão: André Rass;
05- Olhos D’água (Levi Ramiro)
Viola Caipira: Levi Ramiro;
Piano: Adriano Grineberg;
Vocalize: Shaiene;
Efeitos: Ricardo Vignini;
06- Acanguçu (Levi Ramiro)
Viola Caipira: Levi Ramiro;
Percussão, Didgeridu;
Flautas Uruá: Duoportal;
Efeitos: Ricardo Vignini;
07- Madrinha Flor (Levi Ramiro/Paulim Amorim)
Viola de cabaça, Violão e Voz: Levi Ramiro;
Vocal: Manu Maggioro;
Percussão: Carlinhos Ferreira;
Eu rezo dor de cabeça, de sangue, estancação Garganta eu cruzo ramo, isipa, constipação
Eu pego ralo a batata e passo no coador Depois eu tiro o nó com meu pózim curador Eu vou no mato e tiro barbatimão, aroeira
Angico, chapéu de couro da malva a gameleira A pacari, o pau santo, o alecrim e o capitão Caroba e carobinha a espinheira e o rufão
No cerrado tem ciência… Pra curar a dor do mundo E no mundo tanta dor
Que o gemido é sem fundo
Pitanga pra bem do amor jurema pra mau olhado
Eu mando toda maldade pras ondas do mar sagrado Lá onde o galo não canta e toda dor se consome
E se ficar dela um cisco o carcará vem e come Da chapada ao tabuleiro vazante todo lugar
Tem um remédio que deus deixou pra gente curar Os males todos de tudo a começar no primeiro Vender o céu e a terra na troca de mais dinheiro Eu quebro o meu chapéu quando é triste o adeus Abaixo de mim raiz acima de mim só deus…
08- Buriti (Levi Ramiro/João Evangelista Rodrigues)
Viola de Cabaça, Violão Barítono de Cabaça e Voz: Levi Ramiro;
Baixo Requinto de Cabaça: Norberto Motta;
Percussão: André Rass;
Lapsteel de Cabaça: Ricardo Vignini;
Meu amor de prata meu amor de ouro Buriti mais alto Lá no Sumidouro Tenha dó de mim guarde meu tesouro Mata minha sede e este mau agouro Eu vim lá de longe eu cheguei agora Cavalguei veredas venci as horas Veio à tempestade apertei espora Revirei o mundo de dentro pra fora
Mas sendo seus olhos um vale profundo Não me olhe assim posso me lançar Meu amor de sol meu amor de lua
É saudade sua em qualquer lugar
Mas sendo seus olhos de um verde profundo Não me olhe assim podem me cegar
Meu amor de sol meu amor de lua É saudade sua em qualquer lugar Conheci amores serra das Gerais
Porém lhe confesso não interesso mais Já estou cansado eu quero seu gesto Caminhe ao meu lado bem você me faz
09- Sertão Buriti (Levi Ramiro)
Viola de Cabaça e Voz: Levi Ramiro Bombo;
Leguero: Doroty Marques;
*Trecho de Fulejo (Recolhido por Dércio Marques)
Desde menino garrei na viola, sem ir pra escola aprendi pontear.
Meu pai não gostava ralhava comigo; vai caçar um lote procê capinar.
Viola de fita, menina bonita, rodando o Brasil faz o povo sorrir.
Larguei da enxada peguei na caneta,
viola de cocho, cabaça, caixeta, sertão buriti.
*Ai canoa minha canoa, não deixe a canoa virar.
Eu vinha vindo de viagem encontrei com meu amor,
eu então lhe disse adeus, voltei. Já fui pequeno, já fui manhoso, apanhei de chinelo pra não chorar, agora não quero mais trabalhar…
10- Outro dia Quente (Levi Ramiro)
Viola de Cabaça: Levi Ramiro;
Violão Requinto e Violão Barítono de Cabaça: Zé Esmerindo;
Voz: Consuelo de Paula;
O cerrado florido depois da queimada O orvalho que brilha na luz matinal
Um bando de araras que seguem na prosa pras copas frondosas do buritizal
O murmulho das folhas e um ranger de dentes Outro dia quente lá no taquaral
A tarde começa no pé de pitanga Canta o sabiá que visita o quintal E longe os biguás voando baixinho
Bem rente às águas de rumo ao ninhal E acima as garças flechando as nuvens De um céu encarnado ao sono do sol
A noite com vida a viola ponteia Nasce a lua cheia canta o bacurau
O coral dos grilos, o frescor da mente Não pensa nem sente começo e final