Tetragonisca angustula (Latreille, 1811)

Nome(s) popular(es)

Jataí, angelitas, abelha mosquito.

História Natural

Altamente dócil para o ser humano, a jataí é a abelha sem ferrão (ASF) mais manejável e recomendada para ambientes domésticos ou escolares. Por esse motivo, é a espécie mais recomendada para estabelecimento inicial de Meliponários. Apesar disso, é uma das abelhas mais valentes e defensivas contra outras espécies, não deixando invasores se aproximarem do ninho. A
T. angustula se adaptou muito bem ao meio urbano, conseguindo nidificar-se em ocos artificiais como muros, caixas de energia, postes e qualquer outro lugar escuro e protegido semelhante a um oco de árvore (local de nidificação natural da espécie).
A entrada dos ninhos de jataí apresentam-se em formato de um canudo amarelo claro muito característico, podendo chegar a até 30 cm de comprimento, formando uma estrutura que lembra um gancho. Além disso, é possível observar sentinelas tanto no
canudo como planando estrategicamente em pontos ao redor da entrada. Os discos de cria são formados em lamelas e os potes de mel e própolis são pequenos, chegando a 1 cm. As colônias podem ter de centenas a milhares de indivíduos. As jataí são abelhas extremamente organizadas e asseadas, sempre mantendo a colônia limpa e livre de sujeiras. De vez em quando é possível observar alguns indivíduos carregando rejeitos a serem despejados para fora pela entrada da colméia. Não só são asseadas, mas produzem um mel muito higiênico, valorizado e com potencial medicinal alto (usado em problemas respiratórios e visuais). Com sabor mais ácido e consistência mais líquida, o mel de jataí é dificilmente encontrado em mercados e em grandes quantidades.
Quando a noite chega, as jataí geralmente fecham a entrada do canudo, que possui pequenos furos para permitir a circulação noturna do ar. No geral não trabalham em dias chuvosos e muito frios.

Distribuição

Estados: BA, DF, GO, MA, MG, MS, MT, PR, SP.

Distribuição ampla no Cerrado e Mata Atlântica. Os estados listados acima são regiões com registro da espécie, mas não esgote a ocorrência em outros estados.

Descrição

A jataí é uma das abelhas nativas mais conhecidas e manejadas. Possui cor predominantemente amarela dourada (corpo) e detalhes em preto (patas e cabeça). As operárias apresentam tamanho pequeno (4 a 5 mm), as rainhas possuem o dobro desse
tamanho (10 mm quando fecundadas e em atividade) e os machos possuem um abdômen maior. Dentro das colônias, encontram-se os indivíduos recém nascidos, que apresentam cor
amarelo clara, com tonalidade desbotada/pálida, e que não voam, ajudando em atividades dentro do ninho.
Em voo, as jataí mantém suas pernas posteriores pendentes, posição característica que facilita a identificação a olho nu. Seu nome popular “jataí” tem origem no tupi yata’i.

Plantas do Cerrado visitadas

  • Aroeira vermelha – Schinus terebinthifolius Raddi
  • Cajueiro – Anacardium occidentale L.
  • Ipê amarelo – Handroanthus chrysotrichus (Mart. ex A.DC.) Mattos
  • Ipê roxo – Handroanthus impetiginosus (Mart. ex DC.) Mattos
  • Murici – Byrsonima basiloba A. Juss.
  • Pequi – Caryocar brasiliense Cambess.
  • Quaresmeira – Tibouchina granulosa (Desr.) Cogn.
  • Urucum – Bixa orellana L

A jataí não concentra seu forrageamento em apenas uma planta. Seu hábito de visitação é disperso. Essa ASF é generalista e consegue coletar material de quase qualquer planta. Apesar disso, possui preferência por flores com néctar abundante. A família botânica das Lamiaceae (manjericão, menta, alecrim, salvia, salsa…) é uma escolha certa das jataí, com destaque para o gênero Hyptis, muito presente no Cerrado.

Referências

  • J. M. F. Camargo & S. R. M. Pedro, 2013. Meliponini Lepeletier, 1836. In Moure, J. S., Urban, D. & Melo, G. A. R. (Orgs). Catalogue of Bees (Hymenoptera, Apoidea) in the Neotropical Region – online version. Available at http://www.moure.cria.org.br/catalogue. Accessed Nov/09/2019