Gavião Peneira, Gavião Peneirador, Peneira, Peneireiro Cinzento.
Ave rapinante relativamente comum, habita áreas mais abertas e savânicas, além de ambientes florestais permeados por campos ou vegetação esparsa. Costuma ficar empoleirado em um galho alto e exposto, que lhe conceda uma boa visão da área. É bem típico do Cerrado, Caatinga, Pampas, Chacos Bolivianos e os Llanos Venezuelanos. Pode frequentar áreas urbanas, e é uma das poucas espécies beneficiadas pela conversão de florestas em áreas de agropecuária, graças à sua preferência por vegetações mais abertas e pela abundância de suas presas nessas áreas rurais. No Cerrado pode ser encontrado nos cerradões, cerrados típicos, veredas, nos campos sujos ou sobrevoando os campos limpos, além das margens de formações florestais, como as matas de galerias e as matas ciliares. Sua preferência pelas áreas abertas está relacionada com sua estratégia de caça, que também lhe dá seu nome: vasculha os campos com sua visão aguçada enquanto plana a uma altura de cerca de 30 metros, procurando pequenos mamíferos, especialmente roedores, principal item de sua dieta, e paira parado no ar enquanto bate as asas rapidamente acima do corpo (“peneirar”) para melhor localizar sua presa. Ao encontrar uma mergulha, em sua direção e a captura com as patas. Ocasionalmente também pode se alimentar de lagartos, pequenas aves, anfíbios e insetos. Durante a época reprodutiva o casal estabelece um território grande o suficiente para provê-los com as presas necessárias para criar sua ninhada, que com 3 a 5 ovos, é maior do que a da maioria dos outros gaviões (família Accipitridae). Costumam aproveitar ninhos abandonados por outras aves no topo das árvores, o forrando com capim seco. A fêmea incuba os ovos e os filhotes enquanto o macho traz alimento para todos. Juntamente com a Suindara, é um predador eficiente do Rato Doméstico, espécie exótica invasora e vetor da Hantavirose, contribuindo para o controle de suas populações.
Mede entre 35 e 43 cm de comprimento. Sua cor é quase totalmente branca, com exceção das costas e dorso das asas, que são de um cinza claro, e da mancha negra sobre cada asa, na região dos ombros. Por baixo, possui manchas negras no centro das asas, assim como as penas da ponta dessas mais escuras, visíveis quando em voo. Seu olho é vermelho, com uma mancha negra entre ele e o bico. A ponta do bico é negra e a base é amarela, assim como as patas. Graças ao branco bem uniforme de sua coloração, é facilmente reconhecível.
Possui uma distribuição ampla e dispersa pelas Américas, ocorrendo do oeste dos Estados Unidos até o centro do Chile (a oeste dos Andes) e da Argentina. No Brasil está presente em quase todo território, com possível exceção do AC e AM, sendo incomum na região amazônica no geral.
Pouco preocupante: não é considerado ameaçado (ICMBio e IUCN), e suas populações aparentam estarem aumentando (IUCN), principalmente devido ao processo de conversão de áreas florestais nativas em pastos e produções agrícolas, sendo uma das poucas espécies beneficiadas por esse processo graças à sua preferência por habitats abertos.
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