Cochlearius cochlearius (Linnaeus, 1766)

Vocalização

Nome(s) popular(es)

Arapapá, Savacu, Colhereiro, Arataiá, Arataiçu, Socó de Bico Largo (PI), Tamatiá e Tamatião (PA).

História Natural

Ave associada a ambientes aquáticos, habita corpos de água doce e salobra rodeados por vegetação florestal, como manguezais, brejos e pântanos, rios e lagos. No Cerrado pode ser visto em matas de galeria e matas ciliares. Possui hábitos noturnos, repousando empoleirado ao longo do dia e se tornando ativo principalmente no fim do dia. Se alimenta na água rasa e lamacenta, caminhando e tateando o fundo com o bico ou esperando por suas presas, que incluem anfíbios, peixes, crustáceos (principalmente camarões), insetos e vermes, até pequenos mamíferos. Performa rituais de corte elaborados, onde entre erguer a crista e outros movimentos, macho e fêmea se tocam os bicos. Faz o ninho com gravetos em cima das árvores próximas à água, onde põe de 1 a 3 ovos branco azulados. Seus filhotes possivelmente podem ser predados por Jiboias. Possui um comportamento bastante defensivo com o ninho e filhotes, podendo se tornar agressivo quando outras aves ou mesmo humanos se aproximam, eriçando a crista, batendo o bico, vocalizando alto e abrindo as asas, chegando a investir contra o invasor caso este não recue, e os filhotes podem subir pela árvore quando incomodados, voltando ao ninho apenas quando seguro.

Descrição

Mede entre 45 e 53 cm de comprimento. Sua testa, lateral da cabeça, pescoço e peito são brancos, com um leve tom acastanhado no peito. Seu dorso e asas são cinza claro. A barriga é castanho pálido com as laterais cinza escuro. Possui o topo da cabeça negro azulado, com penas compridas que formam um longo penacho que pode estar abaixado sobre o pescoço ou eriçado numa exuberante crista em forma de coroa. Seus olhos são grandes e castanhos, suas patas são amarelo esverdeado. Possui um bico escuro que pode ter manchas amareladas, muito robusto e largo, com uma quilha em cima, bem característico, e que ajuda a diferenciá-lo do Socó Dorminhoco com o qual se assemelha um pouco.

Distribuição

Possui ampla distribuição pela América Central e do Sul, ocorrendo do México ao extremo nordeste da Argentina, incluindo Colômbia, Venezuela, Guianas, Suriname,o leste do Equador e do Peru, Bolívia e Paraguai. No Brasil está presente em praticamente todos os estados com exceção da região Sul, no qual praticamente só ocorre no PR, e sendo mais escasso no Nordeste.

Conservação

Pouco preocupante: não é considerado ameaçado (ICMBio e IUCN), apesar de suas populações mostrarem sinais de declínio (IUCN).

Referências

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